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CANDOMBLÉ

O CANDOMBLÉ

 O candomblé, é a forma de culto existente no Brasil, das divindades de origem africana.

A forma original, trazida há mais de quatrocentos anos pelos escravos negros, submetida a um processo de aculturação, resultou num modelo novo, muito diferente daquela da qual provém e que serve hoje, tão somente, como ponto de referência, de acordo com a reformulação ou total rejeição de muitos de seus elementos.

Esse fenômeno pode ser observado também em países da América Latina, onde os cultos de origem africana recebem nomes diferentes, como: Vudú, Palo Mayombe, Santeria, etc., variando de um país para ou de uma região para outra, da mesma forma que, no Brasil, podemos encontrar diferentes práticas que variam de região para região, como: Tambor de Mina no Maranhão, Batuque e Babaçuê no Pará, Toré e Catimbó em toda a região nordeste, Pajelança no norte do país, Xangô em Pernambuco, Macumba no Rio de Janeiro e São Paulo, Pará em Porto Alegre, Candomblé na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, e Umbanda, existente em todo o Território Nacional.

Os cultos, embora tenham uma origem comum, não são homogêneos, possuindo diferentes procedimentos litúrgicos, o que não se verifica somente de região para região, mas também de terreiro para terreiro, muito embora restem sempre vários elementos comuns a todos os grupos praticantes.

 A ausência de um culto direcionado a um Deus único e Todo-Poderoso, paralelamente ao culto festivo às entidades intermediárias, (Orixás, Voduns ou Inkisis), fez com que Nina Rodrigues escrevesse: “A concepção dos Orixás é francamente politeísta, constitui uma verdadeira mitologia, ao mesmo tempo que sua representação material continua sendo inteiramente fetichista”.

Vários outros autores viriam, posteriormente corrigir tal afirmação, dizendo existir, na cultura religiosa dos negros Yorubanos, Fons e das diversas nações do Sul da Àfrica, um Deus único, Criador de Todas as coisas, Onisciente e Onipresente.

 Este Deus, a que denominam “Olorun”, “Olodumaré” ou “Olofin”, é o Ser que controla o universo e todas as coisas, por intermédio de vários agentes denominados coletivamente “Orixás”. Dessa forma pode-se distinguir o monoteísmo como base desse tipo de prática religiosa.

O Candomblé engloba os sistemas religiosos primitivos, definidos pela ausência de qualquer tradição escrita, mas onde os rituais proliferam com muito mais constância.

Mas aí vem a pergunta: Será o Candomblé uma religião de fato?

As religiões pressupõem sistemas de crença, prática e organização, que estabelecem uma ética manifestada no comportamento de seus seguidores no que concerne ao procedimento ritualístico.

Estes rituais compreendem diferentes propostas, como súplicas, adoração ou tentativa de controle sobre os acontecimentos, o que conduz então, à prática da magia ou da feitiçaria. É o próprio ritual que pode estabelecer um código de comportamento, através do qual os adeptos poderão se organizar.

A organização religiosa através de diferenciação interna, atribui tarefas religiosas aos crentes.

Tudo isso exige, para que possa se efetivar a existência de uma liderança centralizada numa autoridade sacerdotal. A autoridade representada é que irá estabelecer a padronagem de ritual, o reconhecimento de nossos adeptos, a organização de novos sacerdotes…

A partir da organização, do estabelecimento de liderança universalmente aceita e reconhecida, da uniformização ritualística e da codificação de éticas comportamentais e procedimentais, o Candomblé poderá então atingir o status de religião, na medida em que possui milhares de seguidores e adeptos, em sua maioria atrelados a falsos líderes que não possuem as verdadeiras atribuições que distinguem os legítimos sacerdotes, devendo-se ressaltar que, o processo iniciático é insuficiente para habilitar o indivíduo no exercício do cargo sacerdotal de hierarquia máxima.

A habilitação ao referido cargo não pressupõe simplesmente que o candidato seja iniciado. É necessário e indispensável que haja para isso, uma determinação dos próprios Orixás, o que só pode ser constatado através da consulta ao Oráculo de Ifá.

Portanto, independente dos padrões do Candomblé estarem ou não encaixados em uma religião, se fosse perguntado aos seus seguidores se eles consideram o Candomblé uma religião, provavelmente suas respostas seriam afirmativas, e é isso o que importa…

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